Um dos segredos para envelhecer com qualidade de vida é a prevenção; e a imunização é um dos pilares. Estudos comprovam que as taxas de internação e de mortalidade por doenças infecciosas aumentam com a idade e grande parte podem ser evitadas com vacinas
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 30 milhões de brasileiros têm 60 anos ou mais, o que equivale a 14% da população total do Brasil em 2020. Desses, 4,2 milhões têm mais de 80 anos. As projeções apontam ainda que, em 2030, o número de pessoas idosas superará o de pessoas de 0 a 14 anos em aproximadamente 2,28 milhões. Em 2050, 30% da população brasileira terá mais de 60 anos enquanto crianças e adolescentes representarão 14%.
Um dos segredos para envelhecer com qualidade de vida é a prevenção; e a imunização é um dos pilares. Estudos comprovam que as taxas de internação e de mortalidade por doenças infecciosas aumentam com a idade e grande parte são imunopreveníveis, ou seja, aquelas que podem ser prevenidas por meio de vacinas.
Calendário vacinal para pessoas 60+
Além de reduzir a mortalidade e preservar a capacidade funcional, a vacinação também atua na descompensação de doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e obesidade. O Ministério da Saúde mantém um calendário voltado exclusivamente a pessoas com mais de 60 anos.
Confira abaixo:
- Vacina contra a gripe: A vacina da gripe é atualizada a cada ano para combater as cepas de vírus da gripe mais prevalentes. É altamente recomendada para pessoas idosas, pois a gripe pode ser mais grave nessa faixa etária.
- Vacina pneumocócica: Existem duas vacinas pneumocócicas disponíveis, a pneumocócica polissacarídica (PPV23) e a pneumocócica conjugada (PCV13). Essas vacinas protegem contra infecções causadas pela bactéria pneumococo, que pode levar a pneumonia, meningite e outras doenças graves.
- Vacina contra a herpes zoster: A vacina contra a herpes zoster, também conhecida como vacina contra a catapora, é recomendada para prevenir o herpes zoster (cobreiro), uma condição dolorosa causada pelo vírus da varicela-zoster.
- Vacina contra o tétano e difteria: A vacina Td/Tdap protege contra o tétano (bactéria Clostridium tetani) e a difteria (bactéria Corynebacterium diphtheriae). A vacina Td é recomendada a cada 10 anos, enquanto a Tdap, que também protege contra a coqueluche (pertussis), é recomendada como reforço único para adultos que ainda não receberam.
- Vacina contra hepatite A: A vacina contra hepatite A é recomendada para pessoas com mais de 60 anos que não foram previamente vacinadas. A vacina é administrada em duas doses, com intervalo de seis a 18 meses entre elas. A vacinação contra hepatite A é importante para prevenir a infecção pelo vírus da hepatite A, que é transmitido principalmente através do consumo de água ou alimentos contaminados.
- Vacina contra hepatite B: A vacina contra a hepatite B é recomendada para pessoas idosas que não foram vacinadas anteriormente e que possuem riscos adicionais de contrair o vírus, como profissionais de saúde ou aqueles com doença hepática crônica.
- Febre amarela: A vacina contra a febre amarela é altamente recomendada para pessoas com mais de 60 anos que vivem em áreas de risco ou planejam viajar para áreas onde a doença é endêmica ou ocorrem surtos. A vacinação é realizada em dose única e fornece proteção duradoura. A febre amarela é uma doença transmitida por mosquitos e pode causar complicações graves e até mesmo a morte em casos graves.
É importante ressaltar que as recomendações de vacinação podem variar de acordo com o país, a região e a situação de saúde individual de cada pessoa. Portanto, é sempre aconselhável consultar um profissional de saúde para obter orientações personalizadas e atualizadas sobre as vacinas recomendadas em sua localidade.
Quais doenças podem ser evitadas ou atenuadas com vacinas?
Existem várias doenças que podem ser especialmente perigosas para os idosos e que podem ser prevenidas por meio da vacinação adequada. Algumas das doenças mais graves relacionadas a pessoas idosas que podem levar a complicações graves e até mesmo à morte incluem:
- Influenza (gripe): A gripe pode ser especialmente perigosa para os idosos, pois seu sistema imunológico enfraquecido os torna mais suscetíveis a complicações graves, como pneumonia. A vacina anual contra a gripe é recomendada para prevenir infecções e reduzir o risco de complicações.
- Pneumonia pneumocócica: A pneumonia é uma infecção pulmonar grave que pode ser causada por diferentes agentes infecciosos, incluindo a bactéria Streptococcus pneumoniae. A vacina pneumocócica pode ajudar a prevenir infecções bacterianas que podem levar à pneumonia e outras complicações respiratórias.
- Doenças pneumocócicas invasivas: Além da pneumonia, as infecções causadas pela bactéria Streptococcus pneumonia e também podem levar a outras doenças graves, como meningite (inflamação das membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal) e bacteremia (infecção generalizada do sangue). A vacina pneumocócica também pode prevenir essas doenças.
- Doenças do sistema circulatório: As doenças cardiovasculares, como doença cardíaca, acidente vascular cerebral (AVC) e doença arterial periférica, são frequentemente mais comuns em pessoas idosas e podem ser agravadas por infecções virais, como a gripe. A vacinação contra a gripe pode ajudar a prevenir complicações cardiovasculares.
É importante ressaltar que a vacinação não apenas protege pessoas idosas de doenças graves, mas também ajuda a reduzir a disseminação dessas doenças na comunidade em geral, oferecendo proteção adicional aos grupos mais vulneráveis.
É verdade que o sistema imunológico envelhece?
Sim, o sistema imunológico também sofre alterações relacionadas ao envelhecimento, afetando a capacidade do sistema imunológico de responder eficientemente a infecções e desafios imunológicos. Essas mudanças no sistema imunológico relacionadas à idade são conhecidas como imunossenescência.
Algumas das alterações mais comuns associadas ao envelhecimento do sistema imunológico incluem:
- Diminuição da resposta imune adaptativa: O sistema imunológico adaptativo, que envolve células como linfócitos B e T, tende a ter uma resposta mais lenta e menos eficiente em idosos. Isso pode resultar em uma menor capacidade de produzir anticorpos específicos para combater infecções.
- Redução da resposta imune inata: A resposta imune inata, que é a primeira linha de defesa contra patógenos, também pode ser afetada pelo envelhecimento. Isso pode levar a uma resposta imune inata enfraquecida, incluindo uma diminuição da atividade de células como neutrófilos e células natural killer (NK).
- Maior inflamação crônica: O envelhecimento está associado a um estado de inflamação crônica de baixo grau, conhecido como inflamação senescente. Essa inflamação crônica pode ser prejudicial ao sistema imunológico, pois pode interferir nas respostas imunológicas normais e levar a uma maior suscetibilidade a doenças crônicas.
Essas alterações no sistema imunológico relacionadas à idade podem resultar em uma maior suscetibilidade a infecções, menor eficácia das vacinas e maior incidência de doenças relacionadas à idade. No entanto, é importante destacar que cada pessoa envelhece de maneira diferente e que o estilo de vida saudável, incluindo uma dieta equilibrada, exercícios regulares e evitar hábitos prejudiciais, podem ajudar a mitigar alguns dos efeitos negativos do envelhecimento no sistema imunológico.
Lembre-se que as recomendações de vacinação podem variar de acordo com o país, a região e a situação de saúde individual de cada pessoa. Portanto, é sempre aconselhável consultar um profissional de saúde para obter orientações personalizadas e atualizadas sobre as vacinas recomendadas em sua localidade e em seu caso.
Fontes: Ministério da Saúde e foto de CDC na Unsplash